- Área: 2723 m²
- Ano: 2007
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Fotografias:Pedro Ferreira
Do arquiteto: O edifício do Palacete do Relógio, situado na praça do Cais do Sodré voltado para o rio Tejo, é um pequeno conjunto que inclui um relógio com a hora oficial e o palacete propriamente dito, construído no início do século XX, nos primeiros anos da Republica, para abrigar a sede administrativa do Porto de Lisboa. O edifício foi projetado tardiamente em estilo “Beaux Arts”.
Após várias décadas de serviço, e após a transferência da Administração do Porto de Lisboa, este edifício permaneceu vários anos abandonado até se decidir, em meados da década passada por sua reabilitação a pretexto do arranjo de toda a área, para a instalação das Agências Europeias, projeto geral que ficou a cargo de Manuel Tainha.
O Palacete assume no plano geral um lugar central na definição de uma nova praça virada ao Tejo, ficando do lado leste o conjunto da Agencia Europeia de Segurança Marítima a AESM, ou EMSA e, do lado oeste o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência o OEDT, ou EMCDDA. As principais funções programáticas do palacete, são espaços de apoio às duas agências, principalmente ao OEDT, tais como espaços técnicos, escritórios de trabalho e salas de reuniões, tendo especial destaque o restaurante/cantina instalado no último piso, e a sua cozinha nos pisos de baixo.
A estratégia de projeto é relativamente simples de explicar, embora complexa de construir. A ideia central surgiu a partir da estrutura do edifício abandonado, com o seu átrio central de duplo pé-direito, a partir daqui refez-se e aprofundou-se esta ideia, acrescentado mais uma altura e redesenhou-se todo o conjunto - do todo ao fragmento -, introduziram-se dois elevadores de ferro e vidro, um no átrio interior e outro pelo exterior voltado para a praça e o Tejo.
Em relação às escolhas dos materiais e cores, a ideia foi a partir de um contido desenho atual, fazer uma reinterpretação do conforto e do carácter, tanto dos exteriores como dos interiores Beaux Arts, neste sentido e para dramatizar esta estratégia, optou-se por reduzir pelo exterior o uso da cor, privilegiando o branco, o preto e os cinzentos, deixando a cor para os espaços interiores.
Assim diríamos que o novo e reabilitado Palacete, parte das memórias do existente, acrescenta outras memórias como os elevadores de Lisboa e a relação com a paisagem a sul com a magnífica vista do estuário do Tejo.